quarta-feira, 18 de março de 2009

FLANELINHAS


Tolero os vagas-certa e odeio os flanelinhas. Acho que essa frase resume bem meus sentimentos por essas figuras que tomaram conta da nossa cidade.

Tolero os vaga-certas porque entendo que moramos num país subdesenvolvido e que é necessário a criação de subempregos e aquele talão ridículo da prefeitura pelo menos os obriga a pagar imposto, como todos os trabalhadores do Brasil. Mas não consigo, uma única vez pagar o vaga certa de bom grado. Sei que eu pago em vão e que se tentarem roubar meu carro ou o rádio eles não vão impedir, muito menos se responsabilizar. Nem eles, nem o governo.

Ah! O governo. Que o governo é uma piada, todos nós sabemos, mas quando se trata de qualquer fiscalização em cima dos vagas-certa e flanelinhas para melhorar a vida dos contribuintes, chega a ser ridículo.

Duvido que exista uma pessoa que estacione o carro nas ruas do Rio de Janeiro pelo menos uma vez por semana, que nunca tenha escutado: “ Ih, o talão acabou”. A minha vontade nessa hora é dizer um palavrão e não pagar: “ Meu dinheiro acabou”. Sem chances nem de falar isso. A pinta desses “guardadores” já diz tudo e eles sabem disso. Sabem que estão coagindo a gente, ainda mais quando é mulher.

Ou será que não sabem? Por via das dúvidas, outro dia resolvi contar para um deles. Estacionei meu carro em Ipanema em um lugar que não tinha vaga certa, e lá veio o flanelinha correndo para me “ajudar” a estacionar. Tem sempre aquela batidinha clássica na lataria, que dá vontade de saltar do carro e bater no cara de volta. O sujeito-flanelinha se aproximou e veio me pedir dinheiro. Eu já fui logo me antecipando: “Vou deixar na volta.”
E ele: Deixa na ida, tia.
Eu: Porque? Porque na volta você pode não estar mais aqui?
Ele: Quê isso?! É que tem muita gente que sai sem pagar. Fico aqui o dia todo.
Eu (já impaciente): É, tem gente que evita ser assaltada.
Ele: Eu não sou bandido não, tia.
Eu: Ah? Não? Eu nunca te pagaria, mas pago porque tenho medo que você arranhe meu carro e você sabe disso. Sabe que eu te dou dinheiro sem querer te dar e isso, meu amigo, é roubo. (Tá bom, eu não falei o “ meu amigo”, só coloquei porque acho que teria sido mais legal se eu tivesse dito isso).
Ele: Ih! Vai lá. A senhora não quer pagar, não paga.

Eu, que de repente, tinha saído de tia a senhora fui sem pagar, mas morrendo de medo de voltar e ter uma mensagem rabiscada no meu carro ou os pneus furados. Já ouvi histórias desse tipo. Voltei e tava tudo bem. O cara ainda estava lá e nem me olhou direito. Se esse aí não sabia que era ladrão, ficou sabendo.Dessa eu escapei, mas sei que me arrisquei.

Escrevendo este texto, vieram na minha cabeça um monte de histórias de vaga certa e flanelinha, mas como isso aqui não é um blogue de revolta contra esses "trabalhadores" (que aliás eu vi que incrivelmente não existe, mas dou força para que criem), vou contar só mais uma história, a saideira.

Fui encontrar com uma amiga no “Botequim Informal” na Praça Nossa Senhora da Paz á noite e o flanelinha perguntou: "Pra onde a senhora vai? Botequim Informal ou Baroneti?" "Botequim Informal." Ele: "Cinco reais." Eu: "Cinco reais!!? E se eu fosse para a Baroneti?" Ele: "Aí era dez!." Eu paguei. Não ia estragar minha noite.

13 comentários:

  1. Beta,

    To choquita com a nova modalidade dos flanelnhas q filtram o qt vao receber pela pinta do cliente e por onde eles vao !
    PQP..q revoltante !!
    Me deh esperancas e inspiracao pra voltar a terra brasilis please !

    bjos daqui da terra do Canguru

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  2. To chocado com a tabelinha de precos proposto pelo flanelinha em Ipanema!

    Daqui a pouco eles estarao nos dizendo que no sabado é mais caro; que por causa da chuva eles podem pegar um resfriado e por consequencia é mais caro; que se colocarmos apenas uma roda na calçada ganhamos um "disconto"; que eles vao pedir o dinheiro na ida por que o sindicato dos flanelinhas exige que eles nao trabalhem com hora extra, e, que finalmente, se apresentarmos a carteirnha da UNE fica 50% mais barato (mas tem que entrar na fila...)!

    Beijos da terra onde o conceito de flanelinha é tão absurdo que nem sequer existe esta palavra no dicionario.

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  3. Concordo em gênero, número e grau, Beta. Mas morando em São Paulo descobri a "máfia" dos valets. Digo "máfia" porque a todo lugar que você vá tem, as vezes até numa lavanderia, e as vagas de rua em SP não em menor número. Já cansei de ver manobristas cantando pneu dos caros dos clientes ou a 5 km/h por os vidros abaixados e o rádio às alturas. Ainda me pergunto se é melhor ou pior. Certamente mais caro. Beijos, Bianca

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  4. Concordo em gênero, número e grau, Beta. Mas morando em São Paulo descobri a "máfia" dos valets. Digo "máfia" porque a todo lugar que você vá tem, as vezes até numa lavanderia, e as vagas de rua em SP são em menor número. Já cansei de ver manobristas cantando pneu dos caros dos clientes ou a 5 km/h por os vidros abaixados e o rádio às alturas. Ainda me pergunto se é melhor ou pior. Certamente mais caro. Beijos, Bianca

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  5. Update…

    Por via das duvidas tentei averiguar com uma colega de trabalho como seria "flanelinha" em frances. Apos quase 2 minutos tentando explicar o 'conceito' ela vira e me diz que é um "kidnapper de voiture"! Hahaha E ainda justificou: "ele é um sequestrador do seu carro pois se voce nao entregar o dinheiro ele ira danifica-lo ou facilitar o furto!" Depois eu tentei apaziguar dizendo que o governo na verdade legalizou um pouco o 'trabalho' (nao tenho como reproduzir em palavras a cara de espanto). Acabei desistindo de dar mais detalhes mas um dia eu vou explicar o conceito de morar voluntariamente em uma cidade com carro blindado. Acho mais facil. Moral da historia: da proxima vez que o flanelinha vier te pedir dinheiro, levante-as maos e nao reaja ao sequestro.

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  6. I hate Flanelinhas! Para mim eles são criminosos e deveriam estar presos. Não entendo como ninguém faz nada e deixam eles se proliferarem. To pensando em entrar num elevador público, da prefeitura, por exemplo, e só deixar entrar quem der um real. Será que alguém tomaria alguma providência? Beijos, Leda

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  7. Já aconteceu comigo: fui ao Baixo com meu carro novinho, sem placa ainda. Quando estacionei vi que estava seum um tostão! Mostrei até a carteira vazia para o flanelinha: olha aqui moço, tô sem dinheiro MESMO! Vou pedir emprestado e pago na volta.... Quando voltei meu carro estava riscado com uma linha em volta dele todo e o ¨#$@*?{+" ainda fez o favor de desenhar uma MÃO gigante no capô!

    Realmente posso dizer que ODEIO flanelinhas!
    Mas hoje em dia não brinco mais com eles... trite!

    Bjs

    Téri

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  8. Um amigo meu comprava caixas com 30 sabonetes no Macro, por R$ 0,59 o sabonete.
    Quando o flanelhinha o abordava, ele dizia estar sem dinheiro.... porem poderia lhe dar um sabonete! Em geral, o flanelhinha aceitava e ele conseguia economizar uma boa grana!
    Bjs
    Eduardo

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  9. É Beta esta bagunça vem de cima para baixo. Infelizmente, não temos governo, justiça, segurança. Tá tudo errado .
    Estou sem esperança. bjs. (mami)

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  10. E quando os caras do vaga certa fazem um tipo que não têm talão só para ficarem com os R$2,00 "limpos" pra eles?
    Acho o cúmulo! E, na tentativa de "exigir a nota fiscal", eu sempre mando um papo de que recebo reembolso da empresa (imagina! hahaha! JC S/A) e que preciso da folhinha sim. Vou te dizer que SEMPRE aparece um talão esquecido...
    Beijos,
    Jô Camelier

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  11. Só para complementar meu comentário acima: eu lanço essa mentirinha de "a empresa me reembolsa" simplesmente porque não quero mandar o discurso [verdadeiro, diga-se de passagem] de que estou exercendo meus direitos e sendo cidadã pedindo o comprovante do meu pagamento - sob pena de ter meu carro arranhado, pneus esvaziados, etc. como vc tb colocou...
    Bjs, JC

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  12. Flanelinha e Vaga Certa é extorsão ao ar livre, em plena luz do dia.

    O primeiro é o bandido ameaçador, que se aproveita do ambiente de violência instaurado na cidade e do zelo que as pessoas têm pelos seus patrimônios e integridade física.

    O segundo é o bandido imposto pelo Estado. Diz no talão: "O pagamento efetuado através do bilhete de estacionamento não diz respeito à guarda do veículo, mas tão somente à utilização do espaço público(...)". Utilização do espaço PÚBLICO???? Numa boa...

    Raiva é pouco com esta raça...

    PP

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  13. A tirinha e a primeira frase valeram o post... Eu odeio flanelinha e algumas vezes não pago. Nunca aconteceu nada. Mas para ter certeza que nunca vão fazer nada só tem uma solução: Vou me embora para a Austrália!!

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